Dois nomes no elenco que o próprio diretor não acreditava que topariam o confinamento. Rodrigo Carelli contou que há participantes em A Fazenda 17 que ele jamais imaginou ver na sede — e isso, por si só, diz muito sobre a ambição da temporada. A Record (e o público) quer atrito, estratégia e surpresa. A engrenagem foi montada para isso: estreia em 15 de setembro de 2025, 95 dias de jogo, prêmio de R$ 2 milhões, 24 peões e a novidade que muda a dinâmica desde o primeiro dia, a dupla de infiltrados em “Os Impostores”.
Carelli não abriu os nomes que o deixaram de queixo caído, mas usou a pista para reforçar que a escalação foi pensada para gerar fricção e imprevisibilidade. Ele também admitiu algo que os bastidores já sabiam: quase todos os nomes cogitados em listas de apostas apareceram em algum momento na mesa de casting. A diferença? Havia mais de 80 possibilidades em circulação, e só uma parte coube no elenco final.
Os bastidores da escalação: pistas, boatos e 80 nomes na mesa
Reality bom começa antes do “valendo”. A peneira passa por perfis de ex-participantes de outros realities, atores, influenciadores e figuras públicas que rendem história dentro e fora da sede. O processo tem fases de convencimento, agenda, negociação de imagem e, claro, cálculo de risco. Alguns nomes chegam a recusar por medo de cancelamento; outros encaram a vitrine como recomeço. Foi nesse vai e vem que Carelli se surpreendeu com duas adesões que considerava improváveis — gente com carreira consolidada, agenda cheia ou aversão declarada a confinamento.
Os vazamentos fazem parte do jogo externo. Listas pipocam, nomes sobem e descem, e a produção aproveita o ruído para medir temperatura. Carelli já disse que “quase todo mundo que está foi citado em algum momento, mas havia nomes demais”. Traduzindo: boato não significa confirmação; significa que a equipe fez o dever de casa e conversou com muita gente até fechar o quebra-cabeça.
Por que aceitar entrar agora? Exposição sem filtro continua sendo moeda forte. Para uns, é relançamento de imagem; para outros, oportunidade de monetização e novos contratos. A diferença dessa temporada é o elenco apontado para conflito de estratégia. Não é só barraco: é jogo social, leitura de ambiente e capacidade de operar sob pressão.

“Os Impostores”: infiltração, paranoia e um prêmio extra em jogo
A grande novidade é uma dupla infiltrada — um homem e uma mulher — misturada aos 24 participantes. Eles precisam completar tarefas “absurdas” e fazer movimentos estranhos sem chamar atenção. A brincadeira tem consequência: na primeira formação de roça, se cinco ou mais peões acertarem quem são os infiltrados, o grupo leva R$ 50 mil. Se errarem, os próprios impostores embolsam o valor.
Esse detalhe muda a lógica da largada. O início, que costuma ser de mapeamento social calmo, vira um tabuleiro de paranoia. Qualquer gesto vira sinal, qualquer tropeço vira pista. Os infiltrados, por sua vez, têm o desafio inverso: parecerem banais em um ambiente que caça sinais o tempo todo. É como jogar xadrez enquanto se finge que está brincando de dama.
O efeito colateral é previsível: alianças precoces, acusações sem lastro e uma fila de “detetives” tentando cravar suspeitos cedo demais. Isso ajuda a narrativa, porque obriga cada peão a se posicionar. Ninguém pode ficar invisível durante a primeira semana. Quem erra leitura vira alvo; quem acerta, ganha moral.
A ida à roça também ganha outra camada. Além da disputa por imunidade e poder nas provas, o confessionário se torna espaço para dedução coletiva. A casa, que normalmente reage a atitudes, agora reage a sinais. E sinais, como a gente sabe, mentem.
O que já está confirmado pela produção:
- 24 participantes fixos e 2 infiltrados escondidos entre eles;
- Duração prevista de 95 dias de confinamento;
- Prêmio principal de R$ 2 milhões para o campeão;
- Na primeira formação de roça, vale um bônus de R$ 50 mil atrelado à descoberta (ou não) dos impostores.
O cenário em Itapecerica da Serra segue com a rotina rural que o público conhece: trato com animais, regras rígidas, punições por descumprimento e provas que mexem com a hierarquia da semana. Esse pano de fundo é perfeito para a dinâmica de infiltração, porque tarefas simples viram teste de naturalidade. Quem é impostor não pode parecer esforçado demais nem displicente demais. É o tipo de desafio que cobra experiência de câmera e jogo de cintura.
O elenco foi montado para explorar contrastes. Tem gente que já viveu reality e sabe dosar exposição; tem novato que chega disposto a “entregar tudo”; tem personalidade de pavio curto e articulador silencioso. A mistura de influenciadores, ex-competidores e figuras públicas cria linhas de conflito previsíveis — e outras totalmente novas. O público vai reconhecer arquétipos, mas deve se surpreender com alianças improváveis, ainda mais pressionadas pela caça aos infiltrados.
Do lado de fora, a disputa não é menor. Fãs organizam mutirões, torcidas rivais monitoram cada movimento e a edição trabalha para costurar histórias que façam sentido sem matar o mistério cedo. Carelli sabe operar esse termômetro: dá pistas suficientes para alimentar a conversa, mas segura o trunfo para o ao vivo.
Outro ponto: a escolha por “tarefa absurda” como gatilho de suspeita. Isso coloca o jogo em um fio de navalha. Se o desafio for muito fácil, a casa não desconfia; se for escancarado, os peões matam a charada e abocanham os R$ 50 mil. A graça está no meio-termo — e é aí que direção e elenco testam limites. Quem exagerar na atuação corre o risco de ser desmascarado; quem for minimalista demais pode deixar de cumprir o objetivo e perder o bônus.
Para quem acompanha o formato há anos, a mensagem é clara: a produção quer recuperar a tensão das primeiras semanas, quando tudo é possível e ninguém tem leitura consolidada do jogo. A diferença, desta vez, é que a mentira é institucional. A própria regra pede que se finja, se confunda, se esconda. A casa vai ter que aprender a separar ruído de comportamento, pista plantada de incoerência real.
Carelli, ao reconhecer que dois nomes o surpreenderam ao dizer “sim”, também joga luz em outra camada do elenco: gente que poderia ficar confortavelmente fora do olho do furacão decidiu se arriscar. Esse tipo de participante costuma ter repertório e algo a perder — o que torna cada decisão mais dramática. Quando esse perfil encontra uma dinâmica baseada em disfarce e leitura social, o efeito costuma ser explosivo.
Os próximos dias devem mostrar quem assume a frente como “detetive”, quem escolhe observar em silêncio e quem vira alvo por pura coincidência. Se a casa cravar os impostores logo de cara, a temporada ganha um primeiro prêmio coletivo e muda o humor do grupo. Se errar, a dupla infiltrada começa com caixa e moral, e a paranoia se estende. Em ambos os cenários, o jogo agradece.