Flamengo iguala PSG em vitórias desde a estreia de Filipe Luís; Palmeiras aparece no top 5

Flamengo iguala PSG em vitórias desde a estreia de Filipe Luís; Palmeiras aparece no top 5

O recorte que coloca Flamengo ao lado do PSG

Em poucos meses, um recorte chama a atenção no futebol mundial: o Flamengo igualou o PSG no topo do número de vitórias desde a estreia de Filipe Luís como técnico do time principal. A sequência começou ainda em setembro de 2024, quando ele assumiu o comando, e ganhou força a ponto de virar referência de consistência.

Aos 39 anos, o ex-lateral trocou o campo pelo banco sem período de transição. Começou no sub-17 do clube em janeiro de 2024, subiu ao sub-20 em junho e, um mês depois, levantou a Intercontinental Sub-20. Em setembro, virou interino do profissional após a saída de Tite. A resposta foi imediata. O Flamengo engatou 24 jogos de invencibilidade na largada e, pouco depois, o clube confirmou o contrato do treinador até o fim de 2025.

Os resultados vieram acompanhados de taças. Em seis meses, o clube somou três títulos oficiais no período, contando base e profissional: o troféu internacional com o sub-20 e, no time principal, o Campeonato Carioca e a Copa do Brasil — esta com final vencida sobre o Atlético-MG. Não por acaso, o ambiente virou de cobrança permanente para padrão elevado de atuação.

Houve espetáculo também. A goleada por 8 a 0 sobre o Vitória foi a maior do clube no Brasileirão desde 1984. Pedro fez hat-trick, a equipe pisou no acelerador do primeiro ao último minuto e o torcedor saiu do estádio com a sensação de que o time estava pronto para qualquer cenário. Jogos assim alimentam a narrativa de domínio, mas sustentação vem do dia a dia: time curto entre linhas, pressão coordenada e posse com agressividade.

Nem tudo foi festa. Em junho de 2025, no novo formato do Mundial de Clubes, o Flamengo caiu para o Bayern de Munique por 4 a 2, em jogo de oitavas de final. O resultado serviu de termômetro. Filipe foi direto na análise: "A elite do futebol segue na Europa". A leitura realista ajusta a régua: o time compete, mas há degraus quando o assunto é a camada mais alta do continente europeu.

Mesmo com essa queda no Mundial, o recorte de vitórias desde a estreia do técnico mantém o Flamengo no pelotão de frente global, colado ao PSG. A comparação usada por departamentos de desempenho considera jogos oficiais no mesmo intervalo de meses e observa volume de vitórias, aproveitamento e saldo de gols. Dentro dessa janela, o clube carioca aparece entre os melhores do planeta.

O Brasil também emplaca outro nome nesse top 5: o Palmeiras. O time de Abel Ferreira combina solidez defensiva, alta capacidade de competir em sequência de jogos e estabilidade de elenco. Isso ajuda a explicar por que os dois clubes brasileiros têm número de vitórias comparável ao de potências europeias no período. O calendário puxado vira desafio e, ao mesmo tempo, refinamento: quem joga mais precisa ter plano claro para manter o nível.

O peso do calendário não é detalhe. Viagens longas, gramados diferentes, mata-matas encavalados e partidas decisivas a cada três dias. Manter o padrão nessas condições exige elenco profundo, treino específico para recuperação e uma ideia de jogo que sobreviva a rodízios e ausências. Esse pacote explica parte da curva de crescimento sob Filipe Luís.

  • 24 jogos de invencibilidade na arrancada com o time principal;
  • Goleada histórica: 8 a 0 sobre o Vitória, com hat-trick de Pedro;
  • Três taças em seis meses no clube: Intercontinental Sub-20, Carioca e Copa do Brasil;
  • Contrato confirmado até dezembro de 2025 após período como interino;
  • No recorte mais amplo, apenas um tropeço decisivo: 4 a 2 para o Bayern no Mundial.
O que explica a arrancada: ideias, vestiário e ajustes

O que explica a arrancada: ideias, vestiário e ajustes

O que mudou tanto? A base da proposta é simples: time curto, pressão organizada e saída limpa. Sem a bola, blocos bem coordenados para tirar linha de passe por dentro. Com a bola, amplitude pelos pontas e laterais alternando movimentos — ora por dentro, ora no corredor. Nada de invencionice: é repetição e sincronia.

Filipe carrega o olhar do ex-lateral. Ele valoriza o primeiro passe de segurança, a diagonal às costas do marcador e a leitura do espaço antes do cruzamento. Nas sessões de treino, a equipe trabalha gatilhos claros de pressão: perda da bola, passe para trás do rival e lateral batido. O objetivo é recuperar alto para finalizar em poucos toques.

Na frente, Pedro virou referência total de área. Ele atrai zagueiros, abre espaço para quem chega de trás e se tornou arma letal na pequena área. Quando o jogo pede pivô, segura a bola e dá tempo para a segunda linha entrar na área. Quando a linha rival recua, ataca o primeiro pau. Com ele em dia inspiradíssimo, as chances se multiplicam.

Arrascaeta funciona como o cérebro entre linhas. Flutua, recebe no pé ou no espaço e acelera a última bola. Gerson dá sustentação para a troca de ritmo: conduz, prende, muda o lado. Atrás deles, volantes protegem a entrada da área e cuidam da sobra para a defesa não ficar exposta. Essa espinha dorsal faz o time se sentir confortável com e sem a bola.

A bola parada cresceu. Rotinas simples, bem treinadas: escanteio curto para atrair a marcação e inverter no segundo pau; falta lateral com bloqueios discretos; escanteio fechado para o desvio no primeiro pau. São jogadas que, combinadas ao volume de ataque, entregam gols em jogos fechados.

O controle de minutos virou política. Não tem vergonha de poupar quando precisa. Veteranos com histórico de desgaste recebem manejo individualizado. Garotos do Ninho ganham minutos em jogos chave, não só em fim de partida. O recado é direto: quem treina bem joga, independentemente do nome na camisa.

No vestiário, a comunicação é clara. Relatos internos descrevem reuniões curtas e objetivas, com recados simples, vídeos enxutos e tarefas específicas por posição. Ninguém sai sem saber o que fazer. Quando erra, o ajuste vem com exemplo de lance e exercício de repetição no treino seguinte. O ciclo é rápido e reduz margem para confusão.

A comissão técnica adotou microciclos a partir de blocos de três jogos. Há conteúdos fixos em cada janela: recuperação ativa após viagens, ensaios de pressão no jogo seguinte e um dia dedicado a finalização. Não é glamour. É rotina. E rotina, bem aplicada, costuma virar desempenho.

No mercado, o discurso tem sido pragmático. Em vez de empilhar contratações, o clube tem ajustado as peças que já tem e mapeado carências com calma. A lógica é não quebrar o fluxo da temporada com troca em massa. Reforço, se vier, precisa entrar jogando e resolver problema específico. Essa abordagem reduz ruído e mantém o vestiário coeso.

A comparação com o PSG ajuda a dimensionar o feito. O clube francês é favorito quase sempre em seu campeonato e tem uma folha salarial muito acima da média local. Ainda assim, o Flamengo conseguiu se manter no mesmo patamar de vitórias no mesmo recorte de tempo. Isso diz muito sobre a consistência do time brasileiro, que joga mais vezes, viaja mais e enfrenta contextos de jogo muito variados.

O Palmeiras entra nesse debate por méritos próprios. A equipe de Abel entrega regularidade, concede poucas chances e costuma crescer nos jogos grandes. O elenco responde ao plano tático com disciplina e a comissão domina o calendário nacional. Soma-se a isso decisões bem tomadas no mercado e um núcleo que se conhece de cor. O resultado está no quadro de vitórias do período.

E o que essa janela de vitórias significa no dia a dia? Padrão alto vira referência. Cada partida passa a ser medida pela régua da própria equipe. Os rivais encaram o jogo contra o Flamengo como prova. Alguns recuam linhas e fecham o miolo. Outros tentam encurtar o campo e forçar erro na saída. O time tem encontrado soluções: alterna ritmo, alonga a posse quando precisa respirar e acelera quando sente o adversário desconfortável.

Os números contam uma história clara. A equipe passou a finalizar mais dentro da área, ceder menos contra-ataques e controlar a altura do bloco mesmo quando abre o placar. Isso reduziu sustos no fim e transformou vantagem mínima em placar construído. Quando abre 1 a 0 cedo, a tendência é buscar o segundo, não administrar.

No aspecto mental, há sinais de maturidade. O time não se desmonta quando sofre o empate ou enfrenta um gol cedo. O banco participa, entra ligado e mantém a ideia. Essa cultura, trabalhada desde a base, ajuda a explicar por que a transição de Filipe foi tão natural. Ele conhece a casa, o CT, os profissionais e os jogadores formados no clube.

O ponto fora da curva continua sendo a comparação com a elite europeia. O Bayern mostrou o quão punitivo é o erro nesse nível. Meio metro atrasado na linha, um passe arriscado por dentro, um escanteio mal defendido. Tudo vira chance clara do outro lado. A leitura do técnico, ao reconhecer a hierarquia europeia, não tira mérito da caminhada. Coloca no mapa onde ainda é preciso evoluir.

O próximo trecho de temporada vai testar profundidade de elenco, capacidade de ajuste em jogos de mata-mata e a resposta às oscilações naturais de desempenho. O Brasileirão cobra regularidade. A Copa continental exige frieza fora de casa. O Mundial, quando chegar de novo, pede execução sem falhas. Cada torneio entrega um tipo de dor de cabeça, e é aí que a gestão de grupo se prova.

Enquanto isso, a torcida faz sua parte. Maracanã cheio, pressão positiva e cobrança saudável por padrão. O clima ajuda a manter o time alerta. E também atrai os olhares de fora: quando uma equipe brasileira encosta em potências europeias em número de vitórias no mesmo período, olheiros e dirigentes prestam atenção. O nome de Filipe já circula em rodas de análise como caso de estudo de transição bem-sucedida do campo para o banco.

O roteiro, até aqui, é de ascensão rápida, desempenho consistente e entendimento claro de onde se quer chegar. O time sabe o que faz com e sem a bola, o treinador sustenta escolhas e os resultados seguem aparecendo. O recorte que coloca Flamengo e PSG lado a lado em vitórias não surgiu do nada. É o efeito de uma cadeia de decisões bem executadas, dentro e fora de campo, que agora encara o próximo desafio no mesmo compasso.