Aliança Norte-Coreana, Iraniana e Chinesa: Um Novo Cenário Geopolítico
Um novo e preocupante eixo entre a Coreia do Norte, Irã e China está começando a tomar forma em apoio à Rússia, levantando vozes de preocupação entre os observadores globais por suas implicações na segurança mundial. Este desenvolvimento é alimentado pelo estreitamento das relações entre a Coreia do Norte e a Rússia, representado pela chegada de milhares de soldados norte-coreanos na Rússia para fins de treinamento. Tal movimento não é apenas uma manchete alarmante, mas simboliza uma possível reconfiguração das alavancas de poder globais que pode lançar o mundo em cenários de guerra multiteatro.
A posição da China como a mais relevante neste trio, sendo o mais poderoso jogador econômico e diplomático, vem aumentando suas ações para contrabalançar a influência dos Estados Unidos e esculpir uma paisagem geopolítica mais favorável, evidenciada no recente encontro da cúpula dos BRICS, onde Xi Jinping e Vladimir Putin reiteraram seu compromisso de construir um mundo "mais justo". Além disso, a China trouxe o Irã para o grupo BRICS e tem realizado exercícios navais conjuntos com a Rússia e o Irã desde 2019.
Impasse Estratégico da China
Contudo, a abordagem da China é cuidadosamente planejada, evitando o risco de uma escalada que a comprometa excessivamente, especialmente no que tange aos programas nucleares e de mísseis da Coreia do Norte. A última coisa que Pequim deseja é ser percebida como parte de um novo "eixo do mal", preferindo manter uma cautelosa relação à distância com a crescente aliança entre Kim Jong-un e Putin. A sustentação econômica e diplomática da China é vital tanto para a Rússia quanto para a Coreia do Norte, e Pequim é cuidadosa para não prejudicar sua própria posição global ao endossar abertamente esses regimes desafiadores.
Tratados de Defesa e Alarme Internacional
O novo pacto de defesa firmado entre Rússia e Coreia do Norte, que promete assistência militar imediata em casos de ataques, ecoa memórias do tratado de 1961 entre a Coreia do Norte e a extinta União Soviética. Tal pacto foi denominado como um "momento decisivo" nas relações bilaterais por Kim Jong-un, suscitando um alarme entre os Estados Unidos e seus aliados asiáticos. A necessidade urgente da Rússia por apoio norte-coreano em meio à guerra na Ucrânia pode desequilibrar a delicada estabilidade no nordeste da Ásia.
Analistas destacam que a coordenação de interesses entre China, Rússia, Coreia do Norte e Irã pode levar a um cenário onde conflitos em uma região podem rapidamente se alastrar para outras. A Comissão de Estratégia de Defesa Nacional dos Estados Unidos alertou que a parceria crescente entre China e Rússia, incluindo a cooperação militar e econômica com Irã e Coreia do Norte, apresenta um risco real de conflito global. A recusa da China em cortar as linhas de vida econômica para Coreia do Norte e Rússia é frequentemente vista como um endosso a esses regimes, apesar das afirmações de Pequim de que seus relacionamentos são baseados em "não alianças, não confrontações e sem alvo a terceiros."
Potencial de Desestabilização Regional
A curto prazo, as parcerias armamentistas da Rússia poderiam permitir que o Irã e a Coreia do Norte adquirissem e produzissem tecnologias de armamento sensíveis, potencialmente desestabilizando ainda mais regiões já frágeis. A dinâmica entre essas nações também aumenta o risco de que futuros conflitos, incluindo aqueles que possam envolver a China, vejam uma coordenação entre essas quatro nações. Em um provável conflito sobre Taiwan, debate-se se Pequim desejaria que a Coreia do Norte ou a Rússia criassem uma distração no norte da Ásia.
O cenário global está em um ponto crítico, onde as ações e alianças formadas hoje podem ter repercussões de longo alcance para o equilíbrio de poder mundial. O delicado equilíbrio de poder no nordeste da Ásia e além depende em grande parte das decisões estratégicas desses quatro países, que estão lentamente, mas com firmeza, moldando uma nova ordem mundial. Portanto, é essencial que o mundo observe atentamente os desdobramentos dessa parceria emergente e busque caminhos para manter a estabilidade global.